VI
Henrique, apenas ficou só com Flávio, atirou-se-lhe aos braços e pediu que o salvasse.
- Salvar-te! - exclamou Flávio. - De quê?
Henrique sentou-se outra vez sem responder e pôs a cabeça nas mãos. O padre insistiu com ele para que dissesse o que havia, fosse o que fosse.
- Cometeste algum...
- Crime? Sim, cometi um crime - respondeu Henrique -; mas, descansa, não foi nenhum roubo nem morte; foi um crime que felizmente se pode reparar...
- Que foi então?
- Foi...
Henrique hesitou. Flávio instou para que confessasse tudo.
- Eu gostava muito de uma moça e ela, de mim - disse enfim o alferes -; meu pai, que sabia do namoro, creio que o não desaprovava. O pai dela, entretanto, opunha-se ao nosso casamento... Noutro tempo tu já saberias destas cousas; mas agora, não me atrevi nunca a falar-te nisso...
- Continua.
- O pai opunha-se; e, apesar da posição que meu pai ocupa, dizia à boca cheia que nunca me admitiria em sua casa. Efetivamente nunca lá entrei; falávamos poucas vezes, mas escrevíamos a miúdo. As coisas iriam assim até que o ânimo do pai se voltasse a nosso favor. Uma circunstância, porém, ocorreu e foi o que me precipitou a um ato de loucura. O pai queria casá-la com um deputado que chegou há pouco do Norte. Ameaçados disso...
- Ela fugiu contigo - concluiu Flávio.
- É verdade - disse Henrique sem ousar encarar o amigo.
Flávio esteve algum tempo calado. Quando abriu a boca foi para censurar o ato de Henrique, lembrando-lhe o desgosto que iria causar a seus pais, não menos que à família da moça. Henrique ouviu silenciosamente as censuras do padre. Afirmou-lhe que estava disposto a tudo, mas que o seu maior desejo era evitar o escândalo.
Flávio pediu todas as informações precisas e dispôs-se a reparar o mal pelo melhor modo que pudesse. Soube que o pai da moça era um juiz da Casa da Suplicação. Saiu logo a dar os passos necessários. O intendente da polícia tinha já as informações do caso e corriam agentes seus em todas as direções. Flávio obteve o auxílio do padre Vilela, e tudo andou tão a tempo e com tão boa feição, que antes das ave-marias as maiores dificuldades ficaram aplanadas. Foi o padre Flávio quem teve o gosto de casar os dois jovens pássaros, depois do quê dormiu em plena paz com a consciência.
Nunca o padre Flávio tivera ocasião de frequentar a casa do Sr. João Aires de Lima, ou simplesmente do Sr. João Lima, que era o nome corrente. Andara entretanto em todo aquele negócio com tanto zelo e amor, mostrara tamanha gravidade e circunspecção, que o Sr. João Lima ficou morrendo por ele. Se perdoou ao filho foi unicamente por causa do padre.
- Henrique é um maroto - disse João Lima - que devia assentar praça, ou ir ali viver alguns meses no Aljube. Mas não podia escolher melhor advogado, e é por isso que eu lhe perdoei a tratantice.
- Verduras da mocidade - obtemperou o padre Flávio.
- Verduras, não, Reverendo; loucuras é o verdadeiro nome. Se o pai da rapariga não queria dar-lha, a dignidade, não menos que a moralidade, o obrigava a um procedimento diverso do que teve. Enfim, Deus lhe dê juízo!
- Há de dar, há de dar...
Conversavam assim os dois no dia seguinte ao do casamento de Henrique e Luísa, que era o nome da pequena. A cena passava-se na sala de visitas da casa de João Lima à rua do Valongo, defronte de uma janela aberta, ambos sentados em cadeiras de braços de jacarandá, tendo de permeio uma mesa pequena com duas xícaras de café em cima.
João Lima era um homem sem cerimônias e mui fácil de criar amizade a alguém. Flávio pela sua parte era extremamente simpático. A amizade criou raízes dentro de pouco tempo.
Vilela e Flávio frequentavam a casa de João Lima, com quem moravam o filho e a nora na mais doce intimidade.
Doce intimidade é uma maneira de falar.
A intimidade durou apenas alguns meses e não foi de toda a família. Uma pessoa havia em quem o casamento de Henrique produziu desagradável impressão; foi a mãe dele.
VII
Dona Mariana Lima era uma senhora agradável na conversa, mas única e simplesmente na conversa. O coração era esquisito; é o menos que se pode dizer. O espírito era caprichoso, voluntarioso e ambicioso. Ambicionava um casamento mais elevado para o filho. Os amores de Henrique e o seu imediato casamento foram um desastre para os planos de futuro.
Quer isto dizer que D. Mariana desde o primeiro dia começou a odiar a nora. Escondeu-o o mais que pôde, e só pôde esconder durante os primeiros meses. Afinal o ódio fez explosão. Foi impossível no fim de certo tempo viverem juntas. Henrique foi morar em casa sua.
Não bastava à senhora D. Mariana odiar a nora e aborrecer o filho.
Era-lhe preciso mais.
Soube e viu a parte que teve o padre Flávio no casamento do filho, e não só o padre Flávio como de algum modo o padre Vilela.
Naturalmente criou-lhes ódio.
Não o manifestou entretanto logo. Ela era profundamente dissimulada; tratou de disfarçar o mais que pôde. Seu fim era expeli-los de casa.
Eu disse que D. Mariana era agradável na conversa. Era-o também na fisionomia. Ninguém diria que aquele rosto amável escondia um coração de ferro. Via-se que tinha sido formosa; ela mesma falava da sua beleza passada com um resto de orgulho. A primeira vez que o padre Flávio a ouviu falar assim, teve má impressão. Notou-lhe D. Mariana e não se conteve que lhe não dissesse:
- Reprova-me?
O padre Flávio conciliou seu amor à verdade com a consideração que devia à esposa do amigo.
- Minha senhora - murmurou ele -, eu não tenho direito para tanto...
- Tanto vale dizer que me reprova.
Flávio calou-se.
- Cuido, entretanto - continuou a esposa de João Lima -, que não me gabo de nenhum crime; ter sido bonita não é coisa que ofenda a Deus.
- Não é - disse gravemente o padre Flávio -; mas a austeridade cristã pede que não façamos caso nem tenhamos orgulho das nossas graças físicas. As próprias virtudes não nos devem ensoberbecer...
Flávio estacou. Reparou que estava presente João Lima e não quis continuar a conversa por extremo desagradável. Mas o marido de D. Mariana nadava em contentamento. Interveio na conversa.
- Continue, padre - disse ele -; isso não ofende e é justo. A minha santa Eva gosta de recordar o tempo da sua beleza; já lhe tenho dito que é melhor deixar o louvor aos outros; e ainda assim fechar os ouvidos.
Dona Mariana não quis ouvir o resto; retirou-se da sala.
João Lima deitou a rir.
- Assim, padre! Nunca as mãos lhe doam.
Flávio estava profundamente incomodado com o que se passara. Não queria de nenhum modo contribuir para um desaguisado de família. Demais, já percebera que a mãe de Henrique não gostava dele, mas não podia atinar com a causa. Fosse qual fosse, julgou prudente afastar-se da casa, e assim o disse ao padre Vilela.
- Não creio que tenhas razão - disse este.
- E eu creio que tenho - retorquiu o padre Flávio -; em todo caso nada perdemos em afastarmo-nos por algum tempo.
- Não, não me parece razoável - disse Vilela -; que culpa tem João Lima nisto? Como explicar a nossa ausência?
- Mas...
- Demos tempo ao tempo, e se as cousas continuarem do mesmo modo...
Flávio aceitou o alvitre do seu velho amigo.
Costumavam eles passar quase todas as tardes em casa de João Lima, onde tomavam café e onde conversavam das cousas públicas ou praticavam de assuntos pessoais. Às vezes dava-lhe João Lima para ouvir filosofia, e nessas ocasiões era o padre Flávio quem falava exclusivamente.
Dona Mariana, desde a conversa que acima deixo referida, mostrara-se cada vez mais fria com os dois padres. Sobretudo com Flávio, as suas demonstrações eram mais positivas e solenes.
João Lima não reparava em nada. Era um bom homem, que não podia supor houvesse alguém a quem desagradassem os seus dois amigos.
Um dia porém, ao saírem de lá, disse Flávio a Vilela:
- Não lhe parece que o João Lima está um pouco mudado hoje?
- Não.
- Creio que sim.
Vilela abanou a cabeça, e disse rindo:
- Andas visionário, Flávio!
- Não sou visionário; percebo as coisas.
- As coisas que ninguém percebe.
- Verá.
- Quando?
- Amanhã.
- Pois verei!
No dia seguinte houve um inconveniente que os impediu de ir à casa de João Lima. Foram em outro dia.
João Lima mostrou-se efetivamente frio com o padre Flávio; com o padre Vilela não alterou o seu modo. Vilela notou a diferença e deu razão ao amigo.
- Na verdade - disse ele ao saírem os dois do Valongo, onde morava João Lima -, pareceu-me que o homem hoje não te tratou como de costume.
- Do mesmo modo que anteontem.
- Que haverá?
Flávio calou-se.
- Dize - insistiu Vilela.
- Que nos importa isso? - disse o padre Flávio depois de alguns instantes de silêncio. - Gostou de mim algum tempo; hoje não gosta; não o censuro por isso, nem me queixo. É conveniente que nos acostumemos às variações do espírito e do coração. Pela minha parte não mudei a seu respeito; mas...
Calou-se.
- Mas? - perguntou Vilela.
- Mas não devo voltar lá.
- Ah!
- Sem dúvida. Acha bonito que frequente uma casa onde não sou bem aceito? Seria afrontar o dono da casa.
- Bem; não iremos mais lá?
- Não iremos?
- Sim, não iremos.
- Mas por que razão há de Vossa Reverendíssima...
- Porque sim - disse resolutamente o padre Vilela -. Onde tu não fores recebido com prazer, eu não posso decentemente meter os pés.
Flávio agradeceu mais esta prova de afeição que lhe dava o seu velho amigo; e procurou demovê-lo do propósito em que se achava; mas foi em vão; Vilela persistia na resolução anunciada.
- Bem - disse Flávio - irei lá como dantes.
- Mas essa agora...
- Não quero privá-los da sua pessoa, padre-mestre.
Vilela procurou convencer ao amigo de que não devia ir se tinha escrúpulo nisso. Flávio resistiu a todas as razões. O velho padre coçou a cabeça e, depois de meditar algum tempo, disse:
- Pois bem, eu irei só.
- É o melhor acordo.
Vilela mentia; sua resolução era não ir mais lá, desde que o amigo não ia; mas ocultava esse plano, pois que era impossível fazê-lo aceitar por ele.
VIII
Decorreram três meses depois do que acabo de narrar. Nem Vilela nem Flávio voltaram à casa de João Lima; este foi uma vez à casa dos dois padres com a intenção de perguntar a Vilela porque razão deixara de o visitar. Achou-o só em casa; disse-lhe o motivo da sua visita. Vilela desculpou-se com o amigo.
- Flávio anda melancólico - disse -; e eu, que sou tão amigo dele, não o quero deixar só.
João Lima franziu o sobrolho.
- Anda melancólico? - perguntou ele no fim de algum tempo.
- É verdade - continuou Vilela -. Não sei que tem; pode ser moléstia; em todo o caso não o quero deixar só.
João Lima não insistiu e retirou-se.
Vilela ficou pensativo. Que quereria dizer o ar com que o negociante lhe falara a respeito da melancolia do amigo? Interrogou as suas reminiscências; conjecturou à larga; nada concluiu nem encontrou.
- Tolices! - disse ele.
A ideia porém não lhe saiu mais do espírito. Tratava-se do homem a quem mais amava; era razão para que o preocupasse. Dias e dias gastou em espreitar o misterioso motivo; mas nada alcançou. Zangado consigo mesmo, e preferindo a tudo a franqueza, Vilela resolveu ir diretamente a João Lima.
Era de manhã. Flávio estava a estudar no seu gabinete, quando Vilela lhe disse que ia sair.
- Deixa-me só com a minha carta?
- Que carta?
- A que me deu, a misteriosa carta de minha mãe.
- Vais abri-la?
- Hoje mesmo.
Vilela saiu.
Ao chegar à casa de João Lima ia este sair.
- Preciso falar-lhe - disse-lhe o padre -. Vai sair?
- Vou.
- Tanto melhor.
- Que ar sério é esse? - perguntou Lima rindo.
- O negócio é sério.
Saíram.
- Sabe o meu amigo que eu não tenho sossegado desde que desconfiei de uma cousa...
- De uma cousa!
- Sim, desde que desconfiei que o meu amigo tem alguma cousa contra o meu Flávio.
- Eu?
- O senhor.
Vilela olhou fixamente para João Lima; este baixou os olhos. Foram andando assim silenciosamente durante algum tempo. Era evidente que João Lima queria ocultar alguma cousa ao padre-mestre. O padre é que não estava disposto a que se lhe escondesse a verdade. Ao fim de um quarto de hora Vilela rompeu o silêncio.
- Vamos lá - disse ele -; diga-me tudo.
- Tudo o quê?
Vilela fez um gesto de impaciência.
- Para que procura negar que há alguma cousa entre o senhor e o Flávio? É isso que eu desejo saber. Sou amigo dele e seu pai espiritual; se ele errou desejo castigá-lo; se o erro é seu, peço licença ao senhor para castigá-lo.
- Falemos de outra cousa...
- Não; falemos disto.
- Pois bem - disse João Lima com resolução -; dir-lhe-ei tudo, com uma condição.
- Qual?
- É que lhe há de ocultar tudo a ele.
- Para quê, se merecer corrigi-lo?
- Porque é necessário. Não desejo que transpire nada desta conversa; é tão vergonhoso isto!...
- Vergonhoso!
- Desgraçadamente, é vergonhosíssimo.
- É impossível! - exclamou Vilela não sem alguma indignação.
- Verá.
Seguiu-se um novo silêncio.
- Eu era amigo de Flávio e admirador das suas virtudes como dos seus talentos. Era capaz de jurar que nunca um pensamento infame lhe entraria no espírito...
- E então? - perguntou Vilela trêmulo.
- E então - repetiu João Lima com placidez -; esse pensamento infame entrou-lhe no espírito. Infame seria em qualquer outro; mas em quem traz vestes sacerdotais... Não respeitar nem o seu caráter, nem o estado alheio; cerrar os olhos aos laços sagrados do matrimônio...
Vilela interrompeu a João Lima exclamando:
- Está doudo!
Mas João Lima não se molestou; referiu placidamente ao padre-mestre que o seu amigo ousara desrespeitar-lhe a esposa.
- É uma calúnia! - exclamou Vilela.
- Perdão - disse João Lima -, disse-mo quem podia asseverar.
Vilela não era naturalmente manso; conteve-se a custo ao ouvir estas palavras do amigo. Não lhe foi difícil perceber a origem da calúnia: era a antipatia de D. Mariana. Admirou-se que descesse a tanto; no seu íntimo resolveu dizer tudo ao jovem sacerdote. Não deixou porém de observar a João Lima:
- Isso que me diz é impossível; houve certamente equívoco, ou... má vontade; acho que seria principalmente má vontade. Não hesito em responder por ele.
- Má vontade por quê? - perguntou João Lima.
- Não sei; mas alguma havia em que eu já reparara ainda antes do que se deu ultimamente. Quer que seja inteiramente franco?
- Peço-lhe.
- Pois bem, todos temos defeitos; sua senhora, entre boas qualidades que possui, tem alguns e graves. Não se zangue se lhe falo assim; mas é preciso dizer tudo quando se trata de defender como eu a inocência de um amigo.
João Lima não dizia palavra. Ia cabisbaixo ouvindo as palavras do padre Vilela. Ele sentia que o padre não estava longe da verdade; conhecia a mulher, sabia por onde pecava o seu espírito.
- Eu creio - disse o padre Vilela - que o casamento de seu filho influiu na desafeição de sua esposa.
- Por quê?
- Talvez não fosse muito do agrado dela, e ao Flávio se deve o bom desfecho que teve aquele negócio. Que lhe parece?
Não respondeu o interlocutor. As palavras de Vilela trouxeram-lhe à memória algumas que ouvira à mulher em desabono do padre Flávio. Era bom e fraco; arrependia-se facilmente. O tom decisivo com que falou Vilela profundamente o abalou. Não tardou que ele mesmo dissesse:
- Não desconheço que é possível um equívoco; o espírito suscetível de Mariana podia errar, era mais natural que ela se esquecesse de que tem um resto das suas graças para só se lembrar de que é uma matrona... Perdão, falo-lhe como amigo; releve-me estas expansões em tal assunto.
Vilela dirigiu a João Lima no caminho em que entrava. No fim de uma hora estavam quase de acordo. João Lima encaminhou-se para casa acompanhado de Vilela; iam já então calados e pensativos.
IX
Ao chegarem à porta quis Vilela retirar-se. Souberam porém que Flávio estava em cima. Os dois olharam um para o outro, Vilela atônito, João Lima fulo de cólera.
Subiram.
Na sala estavam D. Mariana e o padre Flávio; ambos de pé, em frente um do outro, Mariana com as mãos de Flávio entre as suas.
Os dois estacaram à porta.
Seguiu-se um longo e profundo silêncio.
- Meu filho! Meu amigo! - exclamou Vilela dando um passo para o grupo.
Dona Mariana tinha soltado as mãos do jovem sacerdote e deixara-se cair numa cadeira; Flávio tinha os olhos baixos.
João Lima adiantou-se calado. Parou em frente de Flávio e encarou-o friamente. O padre ergueu os olhos; havia neles uma grande dignidade.
- Senhor - disse Lima.
Dona Mariana levantou-se da cadeira e atirou-se aos pés do esposo.
- Perdão! - exclamou ela.
João Lima empurrou-a com um braço.
- Perdão; é meu filho!
Eu deixo ao leitor imaginar a impressão deste lance de quinto ato de melodrama. João Lima esteve cerca de dez minutos sem poder articular palavra. Vilela olhava espantado para todos.
Enfim rompeu a palavra o negociante. Era natural pedir uma explicação; pediu-a; foi-lha dada. João Lima exprimiu toda a sua cólera contra Mariana.
Flávio lastimara do fundo d'alma a fatalidade que o levou a produzir aquela situação. No delírio de conhecer sua mãe, não se lembrara de mais nada; apenas leu a carta que lhe fora entregue pelo padre Vilela, correra à casa de D. Mariana. Ali tudo se explicara; Flávio preparava-se para sair e não voltar ali mais se fosse preciso, e em todo caso não divulgar o segredo nem ao padre Vilela, quando este e João Lima os surpreenderam.
Tudo estava perdido.
D. Mariana recolheu-se ao convento da Ajuda onde faleceu no tempo da guerra de Rosas. O padre Flávio obteve uma vigararia no interior de Minas, onde veio a falecer de tristeza e saudade. Vilela quis acompanhá-lo, mas o jovem amigo não o consentiu.
- De tudo o que me poderias pedir - disse Vilela -, é isso o que mais me dói.
- Paciência! - respondeu Flávio -; eu preciso da solidão.
- Tê-la-ás?
- Sim; preciso da solidão para meditar nas consequências que o erro de um pode trazer a muitas existências.
Tal é a moralidade desta triste história.