Conto

Antes Que Cases...

1875
Este conto foi originalmente publicado no Jornal das Famílias em julho, agosto e setembro de 1875. Segundo Galante de Sousa (Bibliografia de Machado de Assis. Rio de Janeiro, INL, 1955. p. 478),
"[e]ste conto está assinado nos três fragmentos em que foi publicado, com as iniciais B.B. No índice do periódico, porém, o terceiro fragmento consta como sendo de Lara. Por esse motivo o incluímos [entre os contos de Machado de Assis] com as devidas reservas". O texto desta edição eletrônica foi cotejado com o da publicação original.

Capítulo primeiro

Era um dia um rapaz de vinte e cinco anos, bonito e celibatário, não rico, mas vantajosamente empregado. Não tinha ambições, ou antes tinha uma ambição só; era amar loucamente uma mulher e casar sensatamente com ela. Até então não se apaixonara por nenhuma. Estreara algumas afeições que não passaram de namoricos modestos e prosaicos. O que ele sonhava era outra cousa.

A viveza da imaginação e a leitura de certos livros lhe desenvolveram o gérmen que a natureza lhe pusera no coração. Alfredo Tavares (é o nome do rapaz) povoara o seu espírito de Julietas e Virgínias, e aspirava noite e dia viver um romance como só ele o podia imaginar. Em amor a prosa da vida metia-lhe nojo, e ninguém dirá certamente que ela seja uma cousa inteiramente agradável; mas a poesia é rara e passageira - a poesia como a queria Alfredo Tavares -, e não viver a prosa, na esperança de uma poesia incerta, era arriscar-se a não viver absolutamente.

Este raciocínio não o fazia Alfredo. É até duvidoso que ele raciocinasse alguma vez.

Alfredo devaneava e nada mais. Com a sua imaginação, vivia às vezes séculos, sobretudo de noite à mesa do chá, que ele ia tomar no Carceller. Os castelos que ele fabricava entre duas torradas eram obras-primas de fantasia. Seus sonhos oscilavam entre o alaúde do trovador e a gôndola veneziana, entre uma castelã da Idade Média e uma fidalga da idade dos doges.

Não era isto só; era mais e menos.

Alfredo não exigia especialmente um sangue real; muita vez ia além da castelã, muita vez vinha aquém da filha dos doges, sonhava com Semíramis e com Rute ao mesmo tempo.

O que ele pedia era o poético, o delicioso, o vago; uma mulher bela e vaporosa, delgada se fosse possível, em todo o caso vaso de quimeras, com quem iria suspirar uma vida mais do céu que da terra, à beira de um lago ou entre duas colinas eternamente verdes. A vida para ele devia ser a cristalização de um sonho. Essa era nem mais nem menos a sua ambição e o seu desespero.

Alfredo Tavares adorava as mulheres bonitas. Um leitor menos sagaz achará nisto uma vulgaridade. Não é; admirá-las, amá-las, que é a regra comum; Alfredo adorava-as literalmente. Não caía de joelhos porque a razão lhe dizia que seria ridículo; mas se o corpo ficava de pé, o coração ajoelhava. Elas passavam e ele ficava mais triste que dantes, até que a imaginação o levasse outra vez nas asas, além e acima dos paralelepípedos e do Carceller.

Mas se a sua ambição era amar uma mulher, por que razão não amara uma de tantas que adorava assim de passagem? Leitor, nenhuma delas lhe tocara o verdadeiro ponto do coração. Sua admiração era de artista; a bala que o devia matar, ou não estava fundida, ou não fora disparada. Não seria porém difícil que uma das que ele simplesmente admirava lograsse dominar-lhe o coração; bastava-lhe um quebrar de olhos, um sorriso, um gesto qualquer. A imaginação dele faria o resto.

Do que vai dito até aqui não se conclua rigorosamente que Alfredo fosse apenas um habitante dos vastos intermúndios de Epicuro, como dizia o Dinis. Não; Alfredo não vivia sempre das suas quimeras. A outra viajava muito, mas a besta comia, passeava, londreava, e até (ó desilusão última!), e até engordava. Alfredo era refeito e corado devendo ser pálido e magro, como convinha a um sonhador da sua espécie. Vestia com apuro, regateava as suas contas, não era raro cear nas noites em que ia ao teatro, tudo isto sem prejuízo dos seus sentimentos poéticos. Feliz não era, mas também não torcia o nariz às necessidades vulgares da vida. Casava o devaneio com a prosa.

Tal era Alfredo Tavares.

Agora que o leitor o conhece, vou contar o que lhe aconteceu, por onde verá o leitor como os acontecimentos humanos dependem de circunstâncias fortuitas e indiferentes. Chame a isto acaso ou providência; nem por isso a cousa deixa de existir.

II

Uma noite, era em 1867, subia Alfredo pela rua do Ouvidor. Eram oito horas; ia aborrecido, impaciente, com vontade de se distrair, mas sem vontade de falar a ninguém.

A rua do Ouvidor oferecia boa distração, mas era um perigo para quem não queria conversar. Alfredo reconheceu isto mesmo; e chegando à esquina da rua da Quitanda parou. Seguiria pela rua da Quitanda ou pela rua do Ouvidor? That was the question.

Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.

Foi neste ponto que interveio o personagem que o leitor pode chamar Dom Acaso ou madre Providência, como lhe aprouver. Nada mais fortuito que ir por uma rua em vez de ir por outra, sem nenhuma necessidade que obrigue a seguir por esta ou por aquela. Pois este ato assim fortuito é o ponto de partida da aventura de Alfredo Tavares.

Havia em frente de uma loja, que ficava adiante do extinto Correio Mercantil, um carro parado. Esta circunstância não chamou a atenção de Alfredo; ele ia cheio de seu próprio aborrecimento, de todo alheio ao mundo exterior. Mas uma mulher não é um carro, e, a cousa de seis passos da loja, Alfredo via assomar à porta uma mulher, vestida de preto, e esperar que um criado lhe abrisse a portinhola.

Alfredo parou.

A necessidade de esperar que a senhora entrasse no carro justificava este ato; mas a razão dele era pura e simplesmente a admiração, o pasmo, o êxtase em que ficou o nosso Alfredo ao contemplar, de perfil e à meia luz, um rosto idealmente belo, uma figura elegantíssima, gravemente envolvida em singelas roupas pretas, que lhe realçavam mais a alvura dos braços e do rosto. Eu diria que o rapaz ficara embasbacado, se o permitisse a nobreza dos seus sentimentos e o asseio do escrito.

A moça desceu a calçada, pôs um pé quase invisível no estribo do carro e entrou; fechou-se a portinhola, o criado subiu a almofada e o carro partiu. Alfredo só se moveu quando o carro começou a andar. A visão desaparecera, mas o rosto dela ficara-lhe na memória e no coração. O coração palpitava com força. Alfredo apressou o passo atrás do carro, mas muito antes de chegar à esquina da rua da Assembleia, já o carro subia por esta acima. Quis a sua felicidade que um tilbury viesse atrás dele e vazio. Alfredo meteu-se no tilbury e mandou tocar atrás do carro.

A aventura sorria-lhe. O fortuito do encontro, a corrida de um veículo atrás de outro, ainda que não fossem cousas raras, davam-lhe sempre um ponto de partida para um romance. Sua imaginação estava já além deste primeiro capítulo. A moça devia ser uma Lélia perdida na realidade, uma Heloísa ignota da sociedade fluminense, de quem ele seria, salvo algumas alterações, o apaixonado Abelardo. Neste caminho de invenção Alfredo tinha já mentalmente escrito muitos capítulos do seu romance, quando o carro parou em frente de uma casa da rua de Mata-cavalos, chamada hoje de Riachuelo.

O tilbury parou a alguns passos.

Não tardou que a moça saísse do carro e entrasse na casa, cuja aparência indicava certa abastança. O carro voltou depois pelo mesmo caminho, a passo lento, enquanto o tilbury, também a passo lento, seguia para diante. Alfredo tomou nota da casa, e de novo mergulhou-se nas suas reflexões.

O cocheiro do tilbury, que até então guardara um inexplicável silêncio, entendeu que devia oferecer os seus bons ofícios ao freguês.

- V. Sa. ficou entusiasmado por aquela moça - disse ele com ar sonso -. É bem bonita!

- Parece que sim - respondeu Alfredo -; vi-a de relance. Morará ali mesmo?

- Mora.

- Ah! O senhor já ali foi...

- Duas vezes.

- Foi naturalmente levar o marido.

- É viúva.

- Sabe disso?

- Sei, sim, senhor... Onde pus eu o meu charuto?...

- Tome um.

Alfredo ofereceu um charuto de Havana ao cocheiro, que o aceitou com muitos sinais de reconhecimento. Aceso o charuto, o cocheiro continuou.

- Aquela moça é viúva e luxa muito. Muito homem anda aí mordido por ela, mas parece que ela não quer casar.

- Como sabe disso?

- Eu moro ali na rua do Resende. Não viu como o cavalo queria quebrar a esquina?

Alfredo esteve um instante calado.

- Mora só? - perguntou ele.

- Mora com uma tia velha e uma irmã mais moça.

- Sozinhas?

- Há também um primo.

- Moço?

- Trinta e tantos anos.

- Solteiro?

- Viúvo.

Alfredo confessou a si mesmo que este primo era carta desnecessária no baralho. Palpitou-lhe que seria um obstáculo às suas venturas. Se fosse um pretendente? Era natural, se não estava morto para as paixões da terra. Uma prima tão bonita é uma Eva tentada e tentadora. Alfredo fantasiava já assim um inimigo e as forças dele, antes de conhecer a disposição da praça.

O cocheiro deu-lhe algumas informações mais. Havia umas partidas na casa da formosa dama, mas só de mês a mês, as quais eram frequentadas por algumas poucas pessoas escolhidas. Ângela, que assim dizia ele chamar-se a moça, tinha alguns haveres, e viria a herdar da tia, que já estava muito velha.

Alfredo recolheu carinhosamente as informações todas do cocheiro, e o nome de Ângela para logo lhe ficou entranhado no coração. Inquiriu do número do tilbury, o lugar onde estacionava e o número da cocheira na rua do Resende, e mandou voltar para baixo. Ao passar em frente à casa de Ângela, Alfredo deitou para lá os olhos. A sala estava alumiada, mas nenhum vulto de mulher ou de homem lhe apareceu. Alfredo recostou-se molemente e o tilbury partiu a todo o galope.

III

Alfredo estava contente consigo e com a fortuna. Deparara-lhe esta uma mulher como aquela senhora, teve ele a idéia de a seguir, as circunstâncias o ajudaram poderosamente; sabia agora onde morava a bela, sabia que era livre, e enfim, e mais que tudo, amava.

Amava, sim. Aquela primeira noite foi toda dedicada à lembrança da visão ausente e passageira. Enquanto ela talvez dormia no silêncio da sua alcova solitária, Alfredo pensava nela e fazia já de longe mil castelos no ar. Um pintor não compõe na imaginação o seu primeiro painel com mais amor do que ele delineava os incidentes da sua paixão e o feliz desenlace que ela não podia deixar de ter. Escusado é dizer que não entrava no espírito do solitário amador a idéia de que Ângela fosse uma mulher vulgar. Era impossível que uma mulher tão bela não fosse igualmente em espírito superior ou melhor, uma imaginação etérea, vaporosa, com aspirações análogas às dele, que eram de viver como se poetiza. Isto devia ser Ângela, sem o quê não se cansaria a natureza a dar-lhe tão aprimorado invólucro.

Com estas e outras reflexões foi passando a noite, e já a aurora tingia o horizonte sem que o nosso aventuroso herói tivesse dormido. Mas era preciso dormir e dormiu. O sol já ia alto quando ele acordou. Ângela foi ainda o seu primeiro pensamento. Ao almoço pensou nela, pensou nela durante o trabalho, nela pensou ainda quando se sentou à mesa do hotel. Era a primeira vez que se sentia tão fortemente abalado; não tinha que ver; era chegada a sua hora.

De tarde foi a Mata-cavalos. Não achou ninguém à janela. Passou três ou quatro vezes por diante da casa sem ver o menor vestígio da moça. Alfredo era naturalmente impaciente e frenético; este primeiro revés da fortuna o pôs de mau humor. A noite desse dia foi pior que a anterior. A tarde seguinte porém alguma compensação lhe deu. Ao avistar a casa deu com um vulto de mulher à janela. Se não lho dissessem os olhos, dizia-lhe claramente o coração que a mulher era Ângela. Alfredo ia pelo lado oposto, com os olhos pregados na moça e tão apaixonados os levava, que, se ela os visse, não deixaria de lhes ler o que andava no coração do pobre rapaz. Mas a moça, ou porque alguém a chamasse de dentro, ou porque já estivesse aborrecida de estar à janela, entrou rapidamente, sem dar fé do nosso herói.

Alfredo nem por isso ficou desconsolado.

Tinha visto outra vez a moça; tinha verificado que era realmente uma formosura notável; sentia o coração cada vez mais preso. Isto era o essencial. O resto seria objeto de paciência e de fortuna.

Como era natural, amiudaram-se os passeios a Mata-cavalos. A moça ora estava, ora não estava à janela; mas ainda ao cabo de oito dias não reparara no paciente amador. No nono dia Alfredo foi visto por Ângela. Não se admirou de que ele já de longe viesse a olhar para ela, porque isso era o que faziam todos os rapazes que ali passavam; mas a expressão com que ele olhava é que lhe chamou a atenção. Desviou contudo os olhos por não lhe parecer conveniente parecer que atendia ao desconhecido. Não tardou porém que de novo olhasse; mas, como ele não houvesse desviado os seus dela, Ângela retirou-se.

Alfredo suspirou.

O suspiro de Alfredo tinha dois sentidos.

Era o primeiro uma homenagem do coração.

O segundo era uma confissão de desânimo.

O rapaz via claramente que o coração da bela não fora tomado de assalto, como ele supunha. Todavia não tardou que reconhecesse a possibilidade de pôr as cousas em bom caminho, com o andar do tempo, e bem assim a obrigação que tinha Ângela de não parecer namoradeira deixando-se ir ao sabor da ternura que naturalmente havia de ter lido nos olhos dele.

Daí a quatro dias Ângela tornou a ver o rapaz; pareceu reconhecê-lo, e, mais depressa que da primeira vez, deixou a janela. Alfredo desta vez enfiou. Um monólogo triste e à meia voz entrou a correr-lhe dos lábios fora, monólogo em que ele acusava a sorte e a natureza, culpadas de não terem feito e dirigido os corações de modo que quando um amasse ao outro se afinasse pela mesma corda. Queria ele dizer na sua que as almas deviam descer aos pares cá a este mundo. O sistema era excelente, agora que ele amava a bela viúva; se amasse alguma velha desdentada e tabaquista, o sistema seria detestável.

Assim vai o mundo.

Cinco ou seis semanas correram assim, ora a vê-la e ela a fugir-lhe, ora a não vê-la absolutamente e a passar noites atrozes. Um dia, estando em uma loja na rua do Ouvidor ou dos Ourives, não sei bem onde foi, viu-a entrar acompanhada da irmã mais moça, e estremeceu. Ângela olhou para ele; se o conheceu não o disse no rosto, que se mostrou impassível. De outra vez, indo a uma missa fúnebre na Lapa, deu com os olhos na formosa esquiva; mas foi o mesmo que se olhasse para uma pedra; a moça não se moveu; uma só fibra do rosto não se lhe alterou.

Alfredo não tinha amigos íntimos a quem confiasse estas cousas de coração. Mas o sentimento era mais forte, e ele sentia a necessidade de derramar o que sentia no coração de alguém. Deitou os olhos a um companheiro de passeios, com quem aliás não andava desde a aventura da rua da Quitanda. Tibúrcio era o nome do confidente. Era um sujeito magro e amarelo, que se andasse naturalmente podia apresentar uma figura sofrivelmente elegante, mas que tinha o sestro de contrariar a natureza dando-lhe um jeito particular e perfeitamente ridículo. Votava todas as senhoras honestas ao maior desprezo; e era muito querido e festejado na roda das que o não eram.

Alfredo reconhecia isto mesmo; mas olhava-lhe algumas qualidades boas, e sempre o considerara seu amigo. Não hesitou portanto em dizer tudo a Tibúrcio. O amigo ouviu lisonjeado a narração.

- É de fato bonita?

- Oh! Não sei como a descreva!

- Mas é rica?...

- Não sei se o é... Sei que por ora tudo é inútil; pode ser que ame alguém e esteja até para casar com o tal primo, ou com outro qualquer. O certo é que eu estou cada vez pior.

- Imagino.

- Que farias tu?

- Eu insistia.

- Mas se nada alcançar?

- Insiste sempre. Já arriscaste uma carta?

- Oh! Não!

Tibúrcio refletiu.

- Tens razão - disse ele -; seria inconveniente. Não sei que te diga; eu nunca naveguei nesses mares. Ando cá por outros, cujos parcéis conheço, e cuja bússola é conhecida de todos.

- Se eu pudesse esquecer-me dela - disse Alfredo, que nenhuma atenção prestara às palavras do amigo -, já tinha deixado isto de mão. Às vezes penso que estou fazendo figura ridícula, porque enfim ela é pessoa de outra sociedade...

- O amor iguala as distâncias - disse sentenciosamente Tibúrcio.

- Então parece-te?...

- Parece-me que deves continuar como hoje; e se daqui a algumas semanas mais nada houveres adiantado, fala-me porque eu terei meio de te dar algum conselho bom.

Alfredo apertou fervorosamente as mãos do amigo.

- Entretanto - continuou este -, seria bom que eu a visse; talvez que, não estando namorado como tu, possa conhecer-lhe o caráter e saber se é frieza ou soberba o que a faz até agora esquiva.

Interiormente Alfredo fez uma careta. Não lhe parecia conveniente passar por casa de Ângela acompanhado de outro, o que tiraria ao seu amor o caráter romântico de um padecimento solitário e discreto. Era entretanto impossível recusar nada a um amigo que se interessava por ele. Convieram em que iriam nessa mesma tarde a Mata-cavalos.

- Acho bom - disse o namorado alegre com uma ideia súbita -, acho bom que não passemos juntos; tu irás adiante e eu, um pouco atrás.

- Pois sim. Mas estará ela à janela hoje?

- Talvez; estes últimos cinco dias tenho-a visto sempre à janela.

- Oh! Isso é já um bom sinal.

- Mas não olha para mim.

- Dissimulação!

- Aquele anjo?

- Eu não creio em anjos - respondeu filosoficamente Tibúrcio -, não creio em anjos na terra. O mais que posso conceder neste ponto é que os haja no céu; mas é apenas uma hipótese vaga.

A+
A-