Romualdo veio pouco depois para a Corte, e abriu escritório de advocacia. Simples pretexto. Afetação pura. Comédia. O escritório era um ponto no globo, onde ele podia, tranquilamente, fumar um charuto e prometer ao Fernandes uma viagem ou uma inspetoria de alfândega, se não preferisse seguir a política. O Fernandes estava por tudo; tinha um lugar no foro, lugar ínfimo, de poucas rendas e sem futuro. O vasto programa do amigo, companheiro de infância, um programa em que os diamantes de uma senhora reluziam ao pé da farda de um ministro, no fundo de um coupé, com ordenanças atrás, era dos que arrastam consigo todas as ambições adjacentes. O Fernandes fez este raciocínio: "Eu, por mim, nunca hei de ser nada; o Romualdo não esquecerá que fomos meninos". E toca a andar para o escritório do Romualdo. Às vezes, achava-o a escrever um artigo político, ouvia-o ler, copiava-o se era necessário, e no dia seguinte servia-lhe de trombeta: um artigo magnífico, uma obra-prima, não dizia só como erudição, mas como estilo, principalmente como estilo, cousa muito superior ao Otaviano, ao Rocha, ao Paranhos, ao Firmino, etc. - Não há dúvida, concluía ele; é o nosso Paul-Louis Courier.