Júlio César

- Não lhe contarei, pois sabe a história, a conjuração dos idos de março. Apenas lhe direi que eu entrara naquela sinceramente, porquanto, como muito bem disse um poeta inglês, que depois me meteu em cena, eu matei César, não por ódio a César, mas por amor da República.

- Há de ter lido que a sombra de César me apareceu depois duas vezes, sendo que, da segunda, veio silenciosa e silenciosa se foi. É um erro. Da segunda vez foi que eu ouvi tremendo segredo que lhe vou revelar. Não o disse a ninguém por medo, e medo de que se dissesse de mim. Vá, abra os ouvidos...

- Sendo assim, como vi eu a mulher sem olhos? Esta foi a pergunta que fiz a mim mesmo. Que a vi, é certo, tão claramente como os estou vendo agora. Os mestres da ciência, os observadores da natureza humana lhe explicarão isso. Como é que Pascal via um abismo ao pé de si? Como é que Bruto viu um dia a sombra de seu mau gênio?