- Você sabe que não tenho pai nem mãe - começou a dizer o tenente Isidoro ao alferes Martinho -. Já lhe disse também que estudei na Escola Central. O que não sabe é que não foi o simples patriotismo que me trouxe ao Paraguai; também não foi ambição militar. Que sou patriota, e me baterei agora, ainda que a guerra dure dez anos, é verdade, é o que me aguenta e me aguentará até o fim. Lá postos de coronel nem general não são comigo. Mas, se não foi imediatamente nenhum desses motivos, foi outro; foi, foi outro, uma alucinação. Minha irmã quis dissuadir-me, meu cunhado também; o mais que alcançaram foi que não viesse soldado raso, pedi um posto de tenente, quiseram dar-me o de capitão, mas fiquei em tenente. Para consolar a família, disse que, se mostrasse jeito para a guerra, subiria a major ou coronel; se não, voltaria tenente, como dantes. Nunca tive ambições de qualquer espécie. Quiseram fazer-me deputado provincial no Rio de Janeiro, recusei a candidatura, dizendo que não tinha ideias políticas. Um sujeito, meio gracioso, quis persuadir-me que as ideias viriam com o diploma, ou então com os discursos que eu mesmo proferisse na Assembleia Legislativa. Respondi que, estando a Assembleia em Niterói, e morando eu na Corte, achava muito aborrecida a meia hora de viagem que teria de fazer na barca, todos os dias, durante dous meses, salvo as prorrogações. Pilhéria contra pilhéria; deixaram-me sossegado...