Tal era a vida de Valério aos trinta anos; abundância de apetite e escassez de jantares, isso é a segunda classe de Chamfort; muito trabalho e pouquíssimos recursos. Nulo passado, escasso presente, tristíssimo porvir. Quando Valério meditava sobre as condições da sua existência, a sua mocidade sem risos, o seu futuro sem esperanças, lançava um olhar melancólico para o suicídio, como a solução razoável do problema da vida, e perguntava entre si se a moral que desarma o braço do homem não era simplesmente uma moral de convenção. Imediatamente, porém, volvia a sentimentos melhores; encarava severamente a responsabilidade que lhe corria de carregar a vida dignamente, sem violência nem rebeldia; adiava o suicídio para o próximo desânimo.